Não vai ser fácil obter ganhos reais com as negociações com as mineradoras da região neste ano, que se iniciam neste mês. Mas o sindicato Metabase promete muitas mobilizações dos trabalhadores das mineradoras Vale, Bemisa (Antônio Dias), Anglo American (Conceição do Mato Dentro) e da Belmont (Itabira).
Serão batalhas duríssimas diante do arrocho salarial que aumentou com a reforma trabalhista, como também pela conjuntura econômica que o país vive. Somente com muitas mobilizações, como as que antecederam a histórica greve de 1989, ainda que não se cogite movimento paredista, será possível obter ganhos reais nos salários, além de outros ganhos indiretos.
O crescimento pífio registrado na economia do país no trimestre, embora comemorado pela imprensa áulica como “indicio da retomada do crescimento e fim da recessão que há anos assola o país”, com certeza será o argumento comum do lado patronal para negar ganhos reais nos salários desses mineiros das minas desta região do Espinhaço.
Portanto, só com muita mobilização da categoria é que se poderá vislumbrar ganhos reais nos salários. A categoria é a mais representativa dos trabalhadores em Itabira e na região: são mais de sete mil mineiros, operários responsáveis por movimentar a “bagatela” mensal de R$ 17 milhões na região, segundo informa a assessoria de imprensa do sindicato.
E mesmo com a dispersão desses trabalhadores na região, e também nas respectivas minas, aliada à ameaça permanente do desemprego, com as demissões que sempre ocorrem com o chamado turnover, que é a elevada rotatividade de trabalhadores que são muitas vezes sumariamente demitidos para a contratação de operários mais jovens por salários menores, o presidente do Sindicato Metabase está confiante.
Para isso, André Viana aposta na mobilização da categoria nas respectivas bases e assembleias. Segundo ele, a campanha salarial está pronta para ser deflagrada, já tendo sido iniciada as campanhas nas respectivas bases com esclarecimentos e mobilização geral.
“Estamos desde abril nos mobilizando para o acordo coletivo deste ano”, diz o sindicalista. Viana conta que, ao assumir o sindicato teve que acelerar as negociações, pois os acordos com a Belmont, Anglo e a Vale estavam atrasados. “Faltou tempo para planejar as negociações”, admite o presidente do Metabase. Isso, segundo ele, prejudicou a mobilização e as conquistas desses trabalhadores.
Para este ano, mesmo com as dificuldades conjunturais, que sempre servem de argumento para não se conceder ganhos reais, a diretoria do Metabase está otimista, projetando bons acordos coletivos.
“A Belmont é uma empresa estável, lucrativa e tem condições de fechar um bom acordo coletivo. Com a Vale já estamos negociando. E mesmo com os problemas com as barragens, ela também tem condições de oferecer um bom acordo”, acredita André Viana.
A tragédia humana, trabalhista e ambiental de Brumadinho resultou em 249 óbitos e 21 desaparecidos. Porém, mesmo que os balanços financeiros da mineradora tenham registrados prejuízos contábeis, em face da provisão de gastos com as reparações, as ações da Vale não param de subir no mercado financeiro, o que indica robustez e projeção de fortes lucros com distribuição de dividendos futuros que serão pagos aos acionistas.
Sendo assim, nada mais justo que aqueles que mais contribuem para a geração dessa fabulosa riqueza, com os recursos minerais extraídos do subsolo mineiro e vendido a preços internacionais de mercado, recebam o justo quinhão que lhes cabe.
“Os trabalhadores da Vale não podem pagar o preço pela irresponsabilidade da empresa com as suas barragens”, defende André Viana, que promete tratar do tema no transcorrer das assembleias preparatórias para o acordo salarial deste ano.
“Defendemos ganhos reais para todos esses trabalhadores. A batalha será árdua, mas estamos prontos e preparados para as negociações.” Mas para que as conquistas sejam de fato reais, o sindicalista adverte que só a forte mobilização pode quebrar a resistência das empresas e para que não arrochem ainda mais os salários da categoria.
Novos filiados
Para este ano, atendendo reivindicações dos trabalhadores da mineradora Bemisa, da cidade de Antônio Dias, essa categoria também passa a engrossar o grupo dos mineiros representados pelo sindicato Metabase, que é o maior da região.
Antes, as negociações eram conduzidas sob o exclusivo comando patronal, por meio do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra), que representa as mineradoras.
Desses trabalhadores, segundo informa o sindicato, cerca de 500 mineiros são de Itabira. E ajudam a movimentar a econômica do município e da região.