Na celebração da luta dos negros brasileiros que resultaram na abolição da escravatura (Lei Áurea, 1888), foi restaurada a mão esquerda da escultura de Zumbi dos Palmares, líder quilombola alagoano de grande destaque na luta de resistência contra a crueldade e opressão da escravidão, que há 14 anos havia sido surrupiada.
Enfim, Zumbi não está mais maneta, festejou Antônio Beato, presidente da Associação dos Congadeiros de Itabira. A escultura do líder quilombola foi instalada na primeira gestão do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB).
Fica na pracinha em frente à praça Acrísio de Alvarenga. A reinauguração do monumento marcou o encerramento da Semana da Abolição da Escravatura: Educando Itabira sem Racismo, na segunda-feira (13).
Antônio Beato aproveitou o momento solene da reinauguração para enaltecer e a luta histórica de Zumbi, pela dignidade do negro, que persiste nos dias atuais. O líder congadeiro falou sobre a luta contra a opressão do negro, que resultou em sua libertação do jugo da escravidão. Mas de outras formas de discriminação.
Conforme ele sempre salienta, a abolição não foi uma concessão do homem branco, cristão e caridoso, mas uma conquista social e histórica – e que ainda há muito para avançar até que não se tenha mais discriminação no país e a dívida para com o negro seja resgatada. Nessa luta, Zumbi foi líder inconteste.
Maria Helena Primo, a Lena, presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, e diretora de Promoção Para Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Governo, ressaltou a importância da Lei 7.716/89, que define os crimes de preconceito racial. Segundo ela, a lei tornou-se necessária justamente pelo fato de o preconceito ainda ser arraigado no país.
Isso porque o direito à igualdade ainda não é consuetudinário, tanto que o país precisa de uma lei que criminalize a discriminação racial. “Não temos muito para comemorar. Trocaram as chibatas pela falta de reconhecimento. O preconceito existe na falta de oportunidades iguais. O Brasil e o brasileiro são racistas”, lamentou.
Saiba mais
O responsável pela reforma foi o artista itabirano José Carlos Gomes, que ficou conhecido em Itabira quando fez os primeiros grafites de protesto na cidade contra o desemprego que já assustava na década de 1980. O grafite questionava: “O meu pai, 30 anos. E eu?”
O seu protesto continua valendo. E os que mais sofrem com a falta de trabalho são os negros, historicamente discriminados.
A vice-prefeita Dalma Barcelos (PDT) ressaltou a importância da homenagem a Zumbi. “Estamos valorizando a nossa cultura que é negra, que está no nosso DNA. E que muitas vezes não tem o seu valor reconhecido.”
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