Por José Horácio Betonico*
Cantaram alumes
“Cauê é o esposo estoico e sceptico.”
“Itabira, a esposa infiel e venal.”
O Cauê nasceu na era secundária, sob mau signo…
Iria sôfrer tal qual um mortal!
Teve um crescimento assombroso. Um grão d’areia daria seu coração enorme.
Em pouco, tornou-se aquele megalomano exagerado.
Projetou-se para cima; furou o céo como a caminho da felicidade imaterial.
E engrandecido, vaidoso, aos seus próprios olhos poz o mundo embasbacado á seus pés…
Nisto… Viu nascer Itabira. Ajudou-a prosperar. Admirou-a. Estimou-a e,
naturalmente, por fim, amou-a. Nun dia de arco-iris, casaram-se.
Mas… Itabira é semelhante a essas mocinhas modernas; trafegas, casam-se para ter amantes.
Após á lua de mel, Itabira mulher sensual, estérica infiel e venal; negou, traiu, vendeu seu esposo.
Pela primeira vez vimos aquele mascate de cabelo ruivo e cachimbo á boca – tank you.
E o cachimbo trepado no alto do Pico, fumejou! Fumejou com ironia, e cuspiu displicentemente no rosto do Cauê.
Até hoje, quem lá for, sentirá ainda o cheiro forte de sarro nos suvacos do monstro indiferente, quedo, impotente…
Cauê amigo! Eu deploro teu destino. És bem humano e filho da natureza. É, á primeira gargalhada desmensurada e ironica da “Cabeça de Burro” que eu vi morrer nos teus lábios o teu derradeiro sorriso.
*Esse soneto de J.H. Betônico faz parte de um conjunto de sonetos publicados na década de 1930 no Jornal de Itabira, inspirados no Cauê.
** Acervo de Cristina Silveira
***Foto Brás Martins da Costa – Acervo O Cometa