Por José Norberto
Colaboração: Fernando Barbosa e Silva
A Dama da Dança Afro-brasileira com a sua arte fortalece a cultura brasileira e a torna uma artista de renome internacional
Falar de Marlene Silva após a sua morte, para quem com ela conviveu, é relembrar de uma mulher acolhedora, gentil, de gestos simples, uma mãezona que a todos recebia com seu sorriso largo e com os olhos de quem enxergava longe.
Matriarca dos ritmos afros, ela exalava energia por todos os poros. Mulher guerreira, mineira de Belo Horizonte, do bairro Concordia, essa incrível bailarina e coreógrafa faleceu de enfarte, no Rio de Janeiro, aos 83 anos, no dia 14 de abril.
Mas sua estrela não deixa de brilhar, tornando-se eterna para toda uma geração que a acompanhava com a sua arte engajada e que ajudou a colocar o negro na cena cultural de Belo Horizonte e do país, por onde ela passou.
O estrelato de Marlene Silva estava escrito nas estrelas e previa o seu sucesso nos diversos palcos por onde desfilou com o objetivo de levar ao público a cultura afro e toda a sua relação com os ritmos brasileiros.
Nas diversas Academias que montou nos Diretórios Acadêmicos dos estudantes de Belo Horizonte, que foram por diversas vezes por ela presenteados com grandes e espetáculos de rara beleza, Marlene Silva encantava pelo fulgor, misturando os diversos estilos de culturas populares em meio à dança.
A sua estrela também brilhou com os seus espetáculos no grande teatro do Palácio das Artes ao colocar um novo olhar sobre o tambor, criando um estilo próprio, que a tornou uma referência em cultura negra em Minas Gerais e no país.
Coreógrafa e dançarina, artista foi também uma pesquisadora da cultura negra
Com uma trajetória profissional enriquecedora, em virtude de seus estudos, as suas pesquisas proporcionaram grandes aprendizados para os estudiosos da cultura africana no Brasil.
Pioneira da dança afro em Minas Gerais, Marlene Silva levou seu estilo único, com sonoridade própria, para os países que visitou, promovendo intercâmbios e divulgando a cultura mineira para além-mar.
Quando eu a conheci, no final dos anos 70, como produtor cultural em início de carreira em Itabira, e em busca de novidades, gostava de assistir aos seus ensaios em Belo Horizonte por apreciar e curtir o seu trabalho, tornando-me próximo a ela. Nessa época o Movimento Negro também se articulava em Minas Gerais. Era um momento de efervescência cultural muito intensa.
Adorava ver e também de ouvir os sons dos tambores ecoando nas danças, cujo significado traduzia leituras que chegavam pela primeira vez aos meus ouvidos.
Sob um ritmo frenético de coreografias trabalhadas e baseadas em histórias de época de Minas Gerais, foram trabalhos que presenciei e, por que não dizer, que me encantaram.
Foi assim que tive a satisfação de trazer a Itabira o espetáculo Vida e Obras de Aleijadinho, uma composição poética que unia o sacro com misticismo da religiosidade africana, ao som dos batuques. Numa viagem ao túnel do tempo, viajo na construção da apresentação do espetáculo trazido a Itabira, na década de 80.
Dividido em duas partes, o espetáculo descreve a história de Aleijadinho fundamentada nas obras dos 12 Apóstolos, de Congonhas e, do outro, descrevia a hegemonia dos sons e significados dos tambores que davam ritmo a uma coreografia característica.
Em Itabira, o espetáculo teve participação de 80 dançarinos, com três apresentações no fim de semana. Quem foi ao espetáculo assistiu uma simbiose mística.
Foi um momento mágico, inesquecível. A energia dos deuses tomou conta do teatro da Fundação Cultural, encantando todos os presentes. Marlene Silva torna-se assim eterna na memória de todos que a conheceram.
Depoimento
– Vika Marques Business & Conhecimentos
M A R A V I L H O S A A A AA!!!!! NEM SEI O QUE DIZER… FUI ALUNA DA MARLENE, SOU DA PRIMEIRA FORMAÇÃO DO BALÉ AFRO AQUI EM BH…DIGO COM ORGULHO QUE SOU “LUENA” FOREVER!!! AMOOO
DEMAIS, COM ELA APRENDI TUDO QUE SEI NA DANÇA. SALVE SALVE MINHA MESTRA!!! TE AMOOOOOO!!! – VIRGÍNIA MARQUES.
Fonte:
You Ttube – https://www.youtube.com/watch?v=VlEf2vf6Dw8
1 comentário
Tive o prazer de conhecê-la. Uma grande artista.