Com a responsabilidade que lhe cabe, o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) não foi na onda do presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabira, Maurício Martins, que convocou os comerciantes para uma assembleia na terça-feira (31), quando vence o prazo de validade do decreto municipal da quarentena.
Na assembleia, o dirigente espera que a categoria decida, sem base legal, pela reabertura do comércio na cidade. Para isso, espera que o prefeito não reedite o decreto 3.178, de 19 de março. Mas o dirigente lojista foi prontamente rechaçado pelo próprio prefeito, que distribuiu nota à imprensa. “Vamos seguir as recomendações das autoridades de saúde e o alinhamento definido com o Governo do Estado.”
Portanto, a posição do prefeito, pelo menos no momento, é manter as medidas de distanciamento social e de isolamento residencial para quem já pode estar infectado ou que apresente sintomas da doença.
Com isso, devem permanecer fechados em Itabira os estabelecimentos comerciais e os serviços não essenciais.
Porém, Ronaldo Magalhães diz que, depois de vencido o prazo de validade do decreto municipal na terça-feira, ele irá seguir alinhado com o que decidir o governador Romeu Zema.
Mas não deveria fazer isso, uma vez que o governador está cedendo às pressões empresariais – e já fala em flexibilizar a proibição.
Diz que pode optar pelo isolamento vertical, que consiste no distanciamento e isolamento social apenas para os mais idosos e para as pessoas dos grupos de risco da Covid-19 (doenças cardiorrespiratórias, diabetes, câncer, HIV).
O isolamento vertical foi adotado pelo Reino Unido, que inicialmente resistiu à ideia de medidas mais restritivas. Recomendou que pessoas com mais de 70 anos não saíssem de casa por quatro meses, além de proibir eventos públicos . E o trabalho em casa para quem pudesse fazer isso.
Mas logo percebeu a ineficácia da medida, após um estudo mostrar que sem as restrições mais amplas, o número de mortos no país poderia chegar a 250 mil.
Exemplo a ser seguido
Portanto, o melhor a fazer para os próximos 20 dias, quando se anuncia o pico da pandemia, que precisa ter a curva achatada para não provocar o colapso do serviço de saúde, é o chefe do poder executivo itabirano seguir a decisão do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).
“Em Belo Horizonte vai continuar tudo fechado. O prefeito que fizer isso (diminuir as restrições), eu lamento profundamente. Estou aqui para tentar proteger as vidas”, assegura o prefeito da capital mineira, em entrevista ao jornal O Tempo.
Irresponsabilidade e descaso com a saúde dos comerciários e da população
O presidente da CDL, Maurício Martins, desconhece, ou quer ignorar, o decreto do governador Romeu Zema (Podemos), que fechou o comércio e determinou a paralisação dos serviços essenciais nos 853 municípios mineiros.
Portanto, não cabe à categoria em assembleia decidir pela reabertura. Se isso ocorrer, irá configurar ato de desobediência civil.
Por seu lado, Ronaldo Magalhães nega que tenha ocorrido reunião com o dirigente lojista na Prefeitura.
O subsecretário de Comunicação da Prefeitura, Ricardo Guerra, admite ter conversado com o presidente da CDL pelo telefone.
E que teria dito a ele sobre a necessidade de manter as medidas restritivas, mesmo reconhecendo que “o comércio fechado é muito ruim”.
“O município não se manifestou favorável à reabertura do comércio”, desmente o subsecretário o que teria afirmado o dirigente em vídeo divulgado na rede social.
Responsabilidade
O prefeito diz estar aberto para conversar sobre a situação dos comerciantes, mas não vê a possibilidade autorizar a abertura do comércio nos próximos dias.
“Como prefeito de Itabira tenho a responsabilidade de cuidar de todos os cidadãos. Quero muito que os comerciantes possam voltar trabalhar, mas em um momento como esse a responsabilidade é enorme.”
Mas ele admite, entretanto, depois de vencido o prazo de validade do decreto municipal, na terça-feira, que irá se alinhar com a decisão que for tomada pelo governador Romeu Zema.
Para o bem da saúde dos comerciários e da população itabirana, e também para não colocar em risco de colapso o serviço de saúde no município, o decreto municipal deve ser reeditado.
Que sejam mantidas as mesmas restrições, deixando claro quais são os serviços essenciais e aqueles que definitivamente não irão abrir nos próximos dias. Que fique explícita a proibição também do comércio de rua, diferentemente do que quer o irresponsável presidente da CDL.
2 Comentários
O Prefeito seria sensato se seguir a linha do governador Zema. Manter o comércio fechado sem prorrogar os impostos municipais, sem cortar salários dos secretários e servidores com alto salários é fácil e jogar o problema nas costas dos empresários. Demagogia barata
Esse ano o IPTU deve ser perdoado também né?!