A febre amarela é uma só, assim como as formas de prevenção e tratamento, independentemente da forma de transmissão. Embora a febre amarela urbana tenha sido erradicada no país desde 1942, com o atual surto é real o risco de que possa retornar.
É que o mosquito Aedes aegypti, que vive na cidade, atualmente não é um vetor do vírus, mas pode passar a ser no caso de um grande número de pessoas da cidade ser contaminado no meio rural – e retornar com a doença para a cidade. Ao picar a pessoa contaminada, ele pode virar também um vetor da doença.
Atualmente, só os mosquitos Sabethes e Haemagogus, que vivem nas florestas, nas copas das árvores, transmitem o vírus da febre amarela. Já o mosquito Aedes aegypti só transmite o vírus da dengue, chikungunya e zica, que são também doenças graves, mas que não tem a mesma letalidade da febre amarela.
“A vacinação em massa de todos no campo e na cidade, com raras exceções, é o principal meio de se evitar que isso ocorra. Outra é eliminar os focos dos Aedes aegypti,”, recomenda, com urgência, a superintendente de Vigilância em Saúde, Thereza Horta.
A Prefeitura, segundo informa a Secretaria Municipal de Saúde, mantém 42 agentes de saúde e controle de endemias mobilizados e atuando para ajudar a população a combater os focos do mosquito na cidade. Eles visitam casa por casa para verificar as condições de propagação do Aedes aegypti.
Infestação
Nessas visitas, os agentes têm confirmado a existência de condições favoráveis à propagação desse mosquito na cidade – e em todos os bairros. De acordo com o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre 8 e 12 de janeiro, Itabira registra índice médio de infestação de 6,7%.
Trata-se, segundo parâmetro do Ministério de Saúde, de uma situação com alto risco de surto. São consideradas condições satisfatórias abaixo de 1%, já acendendo o sinal de alerta quando os índices se situam entre 1% e 3,9%.
Para a realização da pesquisa, foram visitados 1.932 domicílios, sendo encontrados focos em 130 endereços, principalmente em residências, com registro de 90% dos casos. Não há um só bairro em Itabira que esteja livre dos indesejados, mas sempre pouco combatidos Aedes aegypti.
“Diferentemente da febre amarela, em que a única coisa que a pessoa tem a fazer é se vacinar, no caso dessas outras arboviroses é possível impedir a proliferação do mosquito vetor, o Aedes aegypti, desde que os moradores tomem os cuidados ambientais necessários”, reafirma Thereza Horta.
Entre esses cuidados estão a cobertura por completo das caixas d’águas e de piscinas, assim como a retirada de vasilhames que acumulam água nos quintais – e de quaisquer reservatórios com água, seja limpa ou suja.
Ou seja, se a população, as empresas e a Prefeitura não cuidarem da urgente profilaxia urbana, o risco de que grasse no município um surto epidêmico com essas arboviroses é altíssimo. Inclusive, com o retorno da febre amarela urbana.