Muitos, principalmente entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acham que as prefeituras e governos exageram nas ações restritivas, principalmente com o isolamento social, com medidas para mitigar o avanço da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
São medidas mundialmente reconhecidas como necessárias para que não haja um grande número de pessoas contaminadas ao mesmo tempo, o que levaria ao colapso o sistema de saúde.
Para essas pessoas, não se justifica o isolamento horizontal que atinge a todos indistintamente, preferindo o chamado isolamento vertical, em que só as pessoas idosas e dos grupos de risco ficariam em casa, mantendo-se em isolamento domiciliar.
Mas é fato que essa alternativa não deu certo nos países que a adotaram e tiveram de retroceder, impondo à população medidas mais restritivas, com o isolamento total por tempo indeterminado.
Alegam os que são contrários às medidas restritivas que Itabira não vive um surto, tento registrado, nesta terça-feira (5), “apenas” dez casos confirmados, com três pacientes recuperados, seis em isolamento domiciliar e “apenas” (sic) um óbito. Isso de acordo com o último boletim epidemiológico, que registra ainda 86 casos que estão sendo monitorados, além de 72 descartados.
É fato que até agora o avanço da pandemia tem ocorrido em ritmo mais lento em Itabira e na região. Mas isso, com certeza, se deve justamente às medidas restritivas com o distanciamento social e isolamento domiciliar, além da proibição da realização de eventos públicos. Há de se considerar também que pode haver muitas subnotificações, além de muitas pessoas não apresentarem os sintomas da covid-19.
Relaxamento
O prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) flexibilizou as medidas restritivas, com a alegação de que pode rever essa distensão a qualquer momento, no caso de o vírus começar a se alastrar com mais intensidade no município. É o que pode ocorrer se as pessoas não ficarem em casa, como tem ocorrido nos últimos dias.
Com a reabertura do comércio, a população relaxou nos cuidados profiláticos – e foi às ruas, a grande maioria, com certeza, por necessidade.
É o caso, por exemplo, dos trabalhadores desempregados e autônomos que precisam se dirigir à Caixa Econômica Federal (CEF) para fazer o cadastro e receber o auxílio financeiro de R$ 600 do governo federal, um lenitivo aos que estão em situação de vulnerabilidade social agravada ainda mais com a pandemia.
Com isso, filas enormes com pessoas lado a lado umas das outras se formaram, preocupando, sobremaneira, as autoridades sanitárias, pelo risco de contaminação.
Poliesportivo
Para diminuir as filas e agilizar o atendimento, a Prefeitura acaba de ceder o ginásio poliesportivo Maestro Silvério Faustino, na rua Irmãos de Caux, para que seja feito esse atendimento pela CEF, diminuindo o número de pessoas transitando na avenida Daniel de Grisolia.
O ginásio foi dotado de infraestrutura para o atendimento, o que permite receber diariamente até 170 pessoas, já a partir desta terça-feira (5), com expediente de 8h às 14h. As arquibancadas foram demarcadas e serão usadas enquanto se espera pelo atendimento no interior do ginásio.
O acesso só é permitido com máscara de proteção, sendo disponibilizado álcool em gel e água. O atendimento já está sendo feito com as pessoas distribuídas em grupos de 20 pessoas.
A Prefeitura também cedeu vigilantes, além de servidores e estagiários para que orientem os beneficiários no preenchimento dos formulários e nos cuidados para não haver contaminação e disseminação do novo coronavírus.
Volta às aulas nas creches e escolas municipais continuam suspensas
Outra medida importante foi manter as escolas municipais e creches fechadas por tempo indeterminado.
É sabido que as crianças são menos suscetíveis à doença, mas é preciso protegê-las para que não se contaminem e levem o vírus para casa.
A medida é também importante para proteger os professores e demais servidores da rede municipal de ensino.
Enquanto perdurar a suspensão, a Secretaria Municipal de Educação promete fornecer aos alunos conteúdos didáticos e programáticos para que possam estudar em casa.
Serão disponibilizados livros e cadernos de atividades preparados pelos professores. Ainda não foi definido o calendário para entregar o material, mas a promessa é de que isso será feito de modo a não provocar aglomerações.
Com cerca de 10 mil alunos distribuídos em 27 escolas e 20 centros municipais de educação infantil, é preciso também assegurar para que não falte merenda, que deve ser entregue aos estudantes, uma demanda de segurança alimentar para muitos em tempo de pandemia do novo coronavírus.
2 Comentários
Medidas acertadas, mas não apagam o erro de ter permitido a reabertura do comércio. As consequências podem ser trágicas, tomara que não. “O trem tá feio e envem por aí.”
Importante decisão neste momento de aumento da curva da pandemia.
Até que enfim uma atitude acertada do prefeito.