Ele poderia ter nascido em Coronel Fabriciano, onde mora a avó Cleuzeni Clementino Machado, em torno de quem a família se reúne frequentemente.
Mas Guilherme nasceu itabirano, na quarta-feira (7), no Hospital Nossa Senhora das Dores, da barriga solidária de sua tia Aline Lopes Monte-Mor, 35, casada com o professor universitário Juliano Monte-Mor, da Unifei.
O casal já tem duas filhas: Elis, 9 e Ester, 5. “É o nosso primo-irmão”, festeja Elis, radiante com a chegada da sementinha que germinou no útero de sua mãe, a tia solidária que deu a luz ao sobrinho Guilherme.
Mais radiantes ainda estão os pais do itabirano Guilherme, Marcelo Lopes Machado, 38 anos, e Rafaela Nascimento Machado, 37, que, por morarem em Canoas (RS), e pelas restrições de viagens e necessidade de isolamento social, acompanharam a sua gestação diariamente pela internet.
Só no final da gravidez, em setembro, é que os pais vieram a Itabira para abraçar o Guilherme pela primeira vez, ainda na barriga da tia solidária.
“Foi a tempo de acompanhar o último ultrassom antes do parto”, conta o pai coruja Marcelo Machado.
Para o casal, o nascimento de Guilherme é mais que ter um sonho realizado: fortalece também a amizade e o amor preexistentes entre as duas famílias, agora mais unidas pela consanguinidade e pela solidariedade fraterna.
“Foi um processo desafiador e difícil”, diz a mãe Rafaela já com o Guilherme nos braços. “Envolve sentimentos, além dos desafios que a Aline teve de enfrentar sem que pudéssemos estar por perto. Mas ao ouvir o primeiro chorinho de nosso filho, tivemos a certeza que valeu a pena.”
Barriga solidária
“Decidi ser ‘barriga solidária’ por amor. No início da gravidez eram dois, mas só o Guilherme decidiu seguir em frente”, conta Aline Lopes.
A ideia de ser “útero substitutivo ou “barriga solidária” surgiu depois de a cunhada fazer vários tratamentos para engravidar e perder uma gestação de gêmeos.
“Eu mesma propus ser ‘barriga solidária’. No início, isso foi tratado com uma brincadeira, mas depois meu irmão me perguntou se era para valer. Respondi que sim. Desde o início Juliano apoiou a minha decisão.”
Juliano Monte-Mor não só apoiou, como se emociona com a forma altruísta de demonstração de amor e afeto. “Quando me perguntaram o que eu achava, respondi que a decisão era de Aline. Por mais que mude as nossas vidas, é ela quem sofre as transformações do corpo e com a questão psicológica”, considerou na ocasião.
“Sementinha”
No dia 1º de fevereiro deste ano foram implantados dois embriões, numa clínica de São Paulo (SP). Aline retornou para Itabira grávida, ainda sem saber que era de gêmeos. Pouco depois ela perdeu um dos embriões.
Com as idas e vindas de São Paulo, as filhas ficaram desconfiadas, ainda sem saber do que se tratava. “Eu estranhei a mamãe ter ido duas vezes a São Paulo e a gente sem saber de nada”, recorda Elis.
Como a barriga cresceu rapidamente chegou a hora de contar. “Falei para elas que a tia Rafa não podia ter bebê e que o médico colocou a sementinha dentro da mamãe para ter o filho dela. Acrescentei que o bebê que estava na minha barriga não era um irmão, era um primo.”
Atenta à entrevista, Elis emenda, convicta: “É nosso primo-irmão.” Leia mais aqui.
1 comentário
Parabéns a todos e viva Guilherme!!!